O Omnishoring e seus benefícios para economia brasileira

Industrial port and container yard

A ocorrência da covid-19 e os recentes movimentos de guerra na Ucrânia, Israel e Iêmen produziram impactos na cadeia de suprimentos, o que vem motivando empresas a refletir sobre o estabelecimento de estratégias de aproximação com seus mercados consumidores. Dentre estas estratégias, o omnishoring é visto como uma alternativa interessante e de elevado potencial de sucesso para empresas globais, e para países como o Brasil – tendo em vista sua participação no comércio internacional e a existência de um grande mercado consumidor. Mas afinal, o que é omnishoring?

Omnishoring é uma estratégia de transferência de fábricas offshore de empresas globais de mercados de baixo custo de produção para países mais próximos dos mercados de consumo. Esta estratégia promete facilitar o movimento de mercadorias, reduzindo os custos de transportes, bem como os obstáculos sanitários e regulatórios, além de problemas de operação que surjam em países distantes, especialmente com condições atípicas, como as que vivemos atualmente.

O Brasil é um país que pode se beneficiar dessa estratégia e atrair de empresas com tenham este intuito, especialmente para atendimento da América Latina, visto o tamanho do seu mercado consumidor, o mix diversificado de produtos que sua economia já produz e consome, bem como pela infraestrutura instalada, que é aquém dos países desenvolvidos, mas superior a dos nossos vizinhos.

Além disso, o Brasil tem se comprometido com a elevação dos investimentos em infraestrutura e com a ampliação do mercado de geração de energia sustentável. A Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), estima um considerável investimento privado de R$ 124,3 bilhões em transporte e logística até 2026.  Além disso, o governo colocou em prática uma nova fase do PAC que pretende ampliar a qualidade e a disponibilidade de infraestrutura no país. Segundo o Plano Decenal de Energia 2031, o Brasil pretende investir R$ 3,2 trilhões em energias renováveis, colocando o país entre as lideranças globais em sustentabilidade. Tais elementos constituem fatores de competitividade no mercado e podem ser vistos como diferenciais para atração de empresas.

O investimento brasileiro nesta direção possue potencial de grandes benefícios. Em primeiro lugar, promoveria a reestruturação do parque industrial brasileiro, que vem sofrendo de carência de investimentos e competitividade nas últimas décadas. Em segundo lugar, reposicionaria o Brasil no comércio internacional, gerando novas possibilidades de negócios, desenvolvimento de setores e elevação da produtividade nas cadeias de suprimentos. Em terceiro lugar, possibilitaria um novo olhar para formação técnica e tecnológica no país, motivando novos investimento na formação de pessoal. Além disso, tal movimento teria um grande impacto nos custos dos produtos e serviços nacionais, pois com maior produção e menores custos logísticos teríamos maiores economias de escala.

Em resumo, o omnishoring representa uma oportunidade promissora para o Brasil, trazendo benefícios como a criação de empregos locais, aumento da competitividade global, menores custos às nossas empresas, estímulo à inovação, diversificação de riscos e integração na economia global. Ao adotar essa abordagem de terceirização, o Brasil pode impulsionar o crescimento econômico e se posicionar de maneira mais sólida no cenário internacional.

Por Leonardo Santos de Assis, Founder da CADARN Consultoria.

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