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O aumento do diesel ao final de 2023

Abastacer-Diesel

O verão com altas temperaturas no hemisfério norte forçou alto número de refinarias e operarem em ritmo mais lento que o normal, prejudicando seus estoques. A situação provocou um cenário de produção de volume insuficiente de diesel, impulsionando preços e impactando tanto indústrias quanto o transporte.

 
A situação foi agravada quando Rússia e Arábia Saudita, líderes da OPEP+ anunciaram em 05 de setembro que as restrições à produção do tipo de petróleo mais rico no combustível diesel, seriam prolongadas até o final do ano, período de aumento da demanda pelo combustível por conta do inverno europeu. Aumenta-se o alerta de continuação de escassez no mercado, especialmente para destilados. A notícia contribuiu para o um salto de 30% no preço de petróleo desde junho.

 
Ainda em setembro, no dia 20, a Rússia anunciou a proibição de exportação de diesel e gasolina e os preços de diesel na Europa saltaram quase 5% para mais de US$ 1.010 por tonelada. O país é um dos maiores fornecedores de diesel no mundo e um dos principais produtores de petróleo. A medida intensifica a preocupação que a Rússia utilize o fornecimento de petróleo e derivados como munição de retaliação às sanções ocidentais.


Ainda que a tendência, com a aproximação dos meses mais frios do inverno na Europa, seja de diminuição nas restrições de produção das refinarias, a intensificação do conflito Israel e Palestina, impulsionou o preço do barril de petróleo para US$ 90, avançando 4% na manhã de segunda feira, 9 de outubro. Embora a área não seja grande produtora de petróleo, o potencial risco de envolvimento do Irã no conflito, aumenta a volatilidade no mercado global. No caso de sanções internacionais ao território palestino, o Irã pode exercer sua influência no grupo OPEP para cortar produção e elevar preços. De acordo com reportagem do G1, “se o conflito perdurar e transbordar, afetando outros países da região, pode fazer (o petróleo) subir acima de US$ 100.

 
O aumento da volatilidade nos preços do petróleo será acompanhado do aumento de preços de combustíveis e derivados no Brasil. O presidente da Petrobras, Jean Prates, se pronunciou nesta segunda (09/10) e afirmou que a decisão sobre um potencial reajuste de preços de combustíveis no país depende do comportamento de cada um, especialmente o diesel, frente as ocorrências do cenário internacional.

 
O cenário de aumento de demanda, liderado pelo inverno europeu, junto aos conflitos entre Rússia e Ucrânia e entre Israel e Palestina afetando a oferta e agravando a escassez de diesel no mercado mundial, indicam uma tendência de alta no preço do combustível que deve ser monitorada. Além disso, os efeitos do conflito no preço do petróleo podem impulsionar custos de fertilizantes e fretes.

Por Maria Helena de Macedo, Analista da CADARN Consultoria.